No mundo do futebol sempre
foram constantes as disputas entre seleções nacionais, equipes formadas por
atletas nascidos em determinado país, nação, ou território, com o intuito de
jogarem entre si representando suas respectivas bandeiras. Porém, tão constantes
quanto esses embates, são naturalizações de jogadores nascidos em determinado
local que atuam por uma seleção que não é a sua original.
Existem os mais diversos motivos
para que isso aconteça, em alguns casos, por exemplo, há uma relação de
descendência do jogador com determinado país no qual seus pais nasceram, em
outros, o profissional se muda para um país, seja muito jovem ou já em plena
atividade profissional e vive por anos a fio residindo em determinado local, ou
até atletas que não possuem nenhum vínculo com determinada região, mas recebem
propostas financeiras por parte das federações que lhes soam interessantes e
partem em busca da oportunidade de vestir uma camisa nacional.
As normas que regulamentam
essa questão também variam ao longo do tempo. Para ficar apenas em épocas mais
recentes, em 2004 a Fifa restringiu as naturalizações apenas a quem tivesse
“relações claras” com o país ao qual defenderiam, ou seja, ser filho ou neto de
um cidadão do país ou ter morado nele por ao menos dois anos consecutivos. Até
então, bastava que o atleta jamais tivesse enfrentado a seleção pela qual iria
se naturalizar, e possuísse a cidadania de determinado país. Em 2008, houve
nova mudança na regra, e ao invés de dois anos mínimos tornaram-se necessários
cinco. Ao final de 2013, a regra foi novamente alterada, já que até então os
atletas poderiam atuar pelas categorias de base de uma seleção antes de optar
por outra, porém, bastava atuar uma partida profissional que essa escolha
estaria tomada pelo resto da vida. Com a regra então adotada, um jogador
precisaria atuar em um jogo oficial (por exemplo Eliminatórias ou Copa do
Mundo) para voltar atrás, de forma que amistosos estariam liberados.
Foi o que aconteceu com o
atacante do Atlético de Madrid Diego Costa, nascido em Lagarto no Sergipe, joga
no futebol espanhol desde 2007, chegou a ser convocado pelo técnico Luiz Felipe
Scolari e entrou em campo com a camisa da seleção brasileira em março de 2013,
nos amistosos contra Itália e Rússia. Três meses depois, obteve cidadania
espanhola e foi convocado a defender a Espanha, e em março de 2014, menos de um
ano após enfrentar a seleção italiana pelo Brasil, jogou novamente contra ela,
desta vez com a camisa espanhola.
Recentemente, a questão das
naturalizações vem crescendo a ponto de muitos considerarem-na como um
problema. Numa declaração dada em 2011, o delegado da Federação dos Emirados
Árabes Unidos defendia que regras que facilitam a naturalização de jogadores
beneficiariam países pequenos que possuem grandes comunidades de expatriados em
seu território, o que na visão de algumas pessoas é apenas uma justificativa
para o país, que possui uma grande riqueza concentrada nas mãos de dirigentes,
possa literalmente contratar jogadores de outras nacionalidades e assim
conquistar em campo resultados que demorariam décadas de trabalho árduo e sério
para tentarem ser atingidos.
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Montagem com as camisas com as quais Diego Costa já atuou |
Nas Copas do Mundo
disputadas no novo milênio, todas com a presença de 736 atletas distribuídos em
32 seleções, houve um notório aumento na quantidade de naturalizados. Em 2002,
haviam 43, em 2006 64 e em 2010 foram 76. Para a Copa do Mundo de 2014 haviam
106 naturalizados apenas na pré-lista (que inclui 30 selecionados para cada
equipe, com sete a serem cortados até o início da competição), e é provável que
o número continue aumentando.
O
Passado: Naturalizações ocorrem desde sempre
Engana-se quem acredita que
jogadores que vistam a camisa de um país no qual não nasceram surgiram apenas
na atual era do futebol moderno e globalizado, e que em tempos passados só
entrava em campo quem possuía uma identificação profunda e amorosa com a nação
que estava defendendo, na linha de argumentação do “na minha época era melhor”.
É claro que provavelmente, a quantidade com a qual esse fenômeno ocorre
atualmente, além das motivações para que isso ocorra sejam diferentes, mas não
deixa de ser algo que sempre foi comum no mundo futebolístico.
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Ferénc Puskas |
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Alfredo Di Stéfano |
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Lázlo Kubala |
Exemplos de grandes
jogadores famosos não faltam, como Lázló Kubala, 3º maior artilheiro de toda a
história do Barcelona, clube no qual atuou por 11 temporadas. Nascido na
Hungria, estreou no futebol internacional jogando pela seleção da
Tchecoslováquia, já que tentara escapar do serviço militar húngaro indo ao país
vizinho. Posteriormente, foi chamado pelo serviço militar pelo novo país, e
retornou e atuou pela Hungria, e por fim, pela Espanha, quando chegou a fazer
parte até mesmo da lista de jogadores para a Copa do Mundo de 1962, quando não
pôde jogar por conta de uma lesão. Além dele, Férenc Puskas, considerado por
muitos um dos maiores jogadores da história do esporte, chegou a atuar em duas
Copas do Mundo por países diferentes, pela mágica Hungria de 54, tendo inclusive
marcado o primeiro gol da final do torneio, e pela Espanha oito anos depois, em
uma campanha mais apagada. Ambos, porém, foram motivados a fugir da Hungria por
conta da repressão causada pela revolução húngara.
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...Mazzola no Brasil |
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Altafini na Itália... |
Ídolo de equipes como River
Plate, Millonarios e principalmente do poderoso Real Madrid, Alfredo Di Stefano
disputou a Copa América de 1947 pela seleção argentina e as eliminatórias para
as Copas do Mundo de 1958 e 1962 pela seleção espanhola. José João Altafini, o
Mazzola, sagrou-se campeão mundial com a seleção brasileira em 1958, e quatro
anos depois estava novamente no torneio mundial, mas desta vez atuando com a
camisa da Itália. Como justificativa, alega que à época a confederação não
chamava atletas de fora do país para a seleção, e como após a primeira Copa
transferiu-se para a Europa jogar no Milan, não seria convocado pelo Brasil, e
decidiu jogar pela Itália, tendo inclusive dito: “não fui eu que deixei o
Brasil. Foi o Brasil quem me deixou”.
Durante a primeira Copa do
Mundo, em 1930, a seleção dos Estados Unidos sequer poderia escalar o time
titular somente com jogadores nascidos em solo americano, já que entre os 16
participantes da equipe, haviam 5 escoceses e um inglês. Até mesmo a finalista
Argentina e o campeão Uruguai contavam com espanhóis em seu elenco, Suaréz
pelos argentinos e Cea e Fernandéz pelos uruguaios.
O
Caso da Guiné Equatorial
Pequeno país de colonização
espanhola no Centro-Oeste da África, a Guiné Equatorial chama atenção do mundo
principalmente por duas coisas nos últimos tempos: A riqueza de Obiang Mbasogo,
presidente do país e citado como um dos chefes de Estado mais ricos do planeta, e
a frequência e quantidade com a qual sua seleção nacional de futebol
aproveita-se de naturalizações.
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Em pé: Danilo(Brasil), Lawrence Doe (Libéria), Fousseny
Kamissoko (Costa do Marfim), Iván Bolado(Espanha), Rui(Espanha), Randy
(Espanha)
Agachado: Bem Konaté
(Costa do Marfim), Javier Balboa (Espanha), Juvenal (Espanha), Kily(Espanha), Thierry
Fidjeu (Camarões)
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Entre todas as equipes nacionais
existentes no mundo hoje, provavelmente é a que mais se assemelha a um clube de
futebol. Uma minoria de atletas convocados para os jogos costumam ser nascidos
no território do país, sendo a maioria dos importados espanhóis, brasileiros e
colombianos, além de camaroneses, nigerianos, entre outros países. O mesmo acontece
na seleção feminina, com muitas espanholas, camaronesas e brasileiras compondo
as convocações. Isso custou caro à seleção nas últimas Eliminatórias para a
Copa do Mundo, quando irregularidades na escalação de Nsue, atleta com descendência no país, porém nascido na Espanha foram relatadas e a equipe perdeu
os três pontos conquistados numa vitória sobre Cabo Verde.
Recentemente, o volante
Claudiney Rincón faleceu em decorrência de uma malária contraída após defender
o país nas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Outros jogadores passaram pelo
mesmo, tendo o goleiro Danilo Clementino chegado a ficar em coma por 10 dias e
internado por quase um mês.
E
no Brasil?
Já na seleção brasileira,
temos um caso interessante. Somente quatro jogadores nascidos fora do
território nacional disputaram jogos com a seleção canarinho. São eles:
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Sidney Pullen |
- Sidney Pullen:
Nascido na cidade de
Southampton na Inglaterra em 1895, veio ao Brasil muito jovem, por conta do
trabalho de seu pai, em uma fábrica. Aos 17 anos de idade já havia sido campeão
carioca atuando pelo Paissandu, clube que acolhia muitos ingleses no Rio de
Janeiro, e em 1915 foi para o Flamengo, junto com seu pai Hugh Pullen que
tornou-se tesoureiro do clube, tendo inclusive adotado o uniforme rubro-negro e
aposentado o “cobra-coral” (Semelhante ao atual uniforme do Santa Cruz
pernambucano) que remetia à bandeira alemã à época da Guerra.
No ano de 1916, disputou o
1º Campeonato Sul-Americano, precursor do que hoje é a Copa América, torneio disputado
nas duas primeiras semanas de julho que fazia parte das comemorações do
centenário de independência argentina, sede da competição. Ao lado de Chile, Uruguai
e dos anfitriões, disputou as três partidas atuando na região do meio-campo, e
curiosamente, foi o árbitro da partida entre Argentina e Chile pelo mesmo
torneio.
Ainda no mesmo ano, foi
chamado para o exército inglês durante a 1ª Guerra Mundial, voltando tanto ao
país quanto ao Flamengo já no ano seguinte. Não se tem a data certa de sua
morte, apenas que foi na década de 1950.
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Casemiro Amaral |
- Casemiro Amaral:
Nascido em Lisboa, Portugal
ao ano de 1892, veio para o Brasil e iniciou a carreira no mundo da bola aos 19
anos, pelo América carioca. De lá transferiu-se para o Germânia em São Paulo
capital, em rápida passagem por um ano até chegar ao Corinthians, onde ficou
até 1914. Entre 1915 e 1917, atuou no Mackenzie, e prestou serviços à seleção brasileira
no Campeonato Sul-Americano de 1916 e 1917, na posição de goleiro, quando atuou
em cinco partidas e foi vazado por 11 vezes. Acabou falecendo em 1939.
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Francisco Police |
- Francisco Police:
Nascido em Caserta, na
Itália no ano de 1893, participou da primeira partida do Sport Club Corinthians
Paulista, a derrota para o União Lapa em 1910. Também atuou no primeiro jogo
internacional da história do clube, o 0 x 3 contra o Torino em 1914. Pelo time,
foi bicampeão paulista em 1914 e 1916, e chegou a atuar também pela equipe
uruguaia do Montevideo Wanderers. Foi chamado para a partida entre a seleção
brasileira e o Dublin do Uruguai, em General Severiano em 1918. Faleceu no ano
de 1952.
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Marcelo Moreno |
- Marcelo Moreno:
Filho de pai brasileiro e
mãe boliviana nascido na cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra, possuía
dupla cidadania por conta das origens paternas. Começou a jogar futebol na base
do Oriente Petrolero, e chegou ao Brasil em 2004, para jogar pela equipe do
Vitória, em Salvador. À época com 17 anos, foi o primeiro nascido fora do país
convocado pelas categorias de base da Seleção Brasileira, num amistoso contra a
equipe mineira da Caldense e na Copa Sendai, competição sub-20 sediada no Japão,
na qual marcou 2 gols em 3 partidas disputadas. Como tinha dupla nacionalidade
por conta do pai e do local de nascimento, optou pela seleção profissional da
Bolívia, onde tem menos concorrência e é convocado com regularidade até os dias
de hoje.
Quando
virá o Primeiro (Na era profissional)?
Como Marcelo Moreno disputou
jogos apenas pelas categorias de base, e os outros três o fizeram antes da era
do profissionalismo, até hoje nenhum atleta naturalizado realmente defendeu a
camisa da seleção profissional principal do Brasil.
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Andreas Pereira |
Porém, isso pode estar
prestes a mudar, já que Andreas Pereira, meio-campista de 18 anos do Manchester
United nascido em Duffel, na Bélgica,
que passou pelas seleções belgas sub-15, sub-16 e sub-17 já declarou
interesse em atuar pela seleção brasileira, e inclusive foi convocado pelo
técnico das categorias de base da seleção brasileira Alexandre Gallo para a
Panda Cup, torneio disputado na China. Se chegará a vestir a amarelinha em um
jogo na equipe profissional, só o tempo dirá, mas é um fortíssimo candidato a
inaugurar esta escrita.
Brasileiros
pelo mundo
Por mais que muitos não
vejam o Brasil como o “País do Futebol”, é inegável nossa fama com a bola nos
pés pelos quatro cantos do mundo. Por isso, não faltam exemplos de atletas
nascidos no Brasil que tenham optado por defender outras seleções nacionais,
desde as mais fortes, como Alemanha (Cacau, Kurányi), Portugal (Deco, Liédson,
Pepe), Espanha (Diego Costa, Marcos Senna), Itália (Amauri, Thiago Motta, e
entre os antigos, Filó e Mazzola), passando pelas médias, como Turquia (Marco
Aurélio, Wéderson), Tunísia (José Clayton, Francileudo Santos), Japão (Marcus
Túlio Tanaka, Wagner Lopes, Alex Santos) e principalmente pelas pequenas, como
Togo (Hamilton, Fabinho, Cris, Bill, Fábio Oliveira, Mikimba), Guiné Equatorial
(Danilo, Ricardinho, William, Florian, Claudiney Rincón, Jônatas Obina, Nena,
Neto, entre outros), Timor Leste (Ramon Saro, Paulo Helber, Wellington Rocha, Diogo
Rangel, Murilo de Almeida, Ade, Alan Leandro, entre outros), Armênia (Marcos
Pizzelli) e Moldávia (Henrique Luvannor). Longe de terem sido citados todos os
brasileiros naturalizados, já é possível ter uma ideia do quão grande é o
fenômeno com essa lista.
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Wellington Rocha, do Timor Leste |
Para conhecer um pouco mais
sobre como é ser um naturalizado, entrevistamos o zagueiro Wellington Rocha,
23, atualmente sem clube e Fábio de Azevedo, o Fabinho, 37, aposentado há 4
anos. O primeiro defende a equipe do Timor Leste, enquanto o segundo atuou pela
seleção do Togo.
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Fabinho, Togo |
O processo de naturalização
pode ser algo natural, como qualquer pessoa que more por determinado tempo num
país, pode ser feito por conta da árvore genealógica da família, e no caso, o
jogador também pode ser “convidado” a se naturalizar. O técnico brasileiro
Antônio Dumas, por exemplo, é conhecido por utilizar-se desse artifício,
naturalizando mais de uma dezena de atletas brasileiros ao longo de suas
passagens pelo comando da Guiné Equatorial e Togo. “O convite surgiu quando eu
estava jogando na Chapecoense em 2003, e estavam disputando as Eliminatórias
para a Copa Africana de 2004. Haviam requisitos diferentes, mas a única coisa
que o presidente (da federação) queria mesmo era que eu tivesse a pele morena.
Não tinha nenhuma relação particular com aquela nação, mas minhas origens são
africanas, e com isso tudo ficou mais fácil”, relata Fabinho. “O treinador que
estava à frente da seleção à época, Antônio Vieira, me fez o convite para eu me
naturalizar e jogar lá. Aceitei, viajei para o Timor e estando lá iniciamos o
processo burocrático, e já fui treinando com o grupo.”, conta Wellington.
Outro ponto importante no
que tange o ato de defender uma equipe nacional é o fato de que se está
representando o país, e consequentemente, sua população, sua cultura, e suas
particularidades. Muitas das críticas feitas a jogadores naturalizados são
baseadas nesse suposto distanciamento que há entre quem nasce e é criado em um
local, e quem já chega a este local como um cidadão formado, afinal, boa parte
da graça dos jogos entre seleções se dá por conta desse espírito e orgulho
diferenciados que existem quando se defende o próprio país. Quando
envolve-se dinheiro numa convocação, é natural que hajam desconfianças quanto à
afinidade e à entrega que um atleta naturalizado irá aplicar em campo.
Wellington comenta sobre isso, “Eu acho o ‘pagamento’ algo neutro e natural no
futebol de seleções. Acho negativo a ausência de uma relação entre o atleta com
o país. Quando aceitei o convite, sabia que minha vida iria mudar. Sempre
sonhei em servir ao Brasil, mas jogar por uma seleção como o Timor é um
privilégio, e por isso procurei acabar com todas as diferenças e me aprofundar
e habituar ao país a ponto de me sentir de fato um timorense. Pela forma como
fui recebido, pelo clima parecido com o Brasil, a semelhança entre os povos,
fui me interessando cada vez mais pelo país, e viajo todos os anos e fico meses
por lá, me sentindo em casa.”. Fabinho também conta não ver desvantagens para
um naturalizado, “Busquei conhecer a cultura local, era simples mas de muito
aprendizado para nós cinco que formávamos a delegação brasileira. Não acho que
hajam desvantagens em atuar por uma seleção na qual se é naturalizado.
Profissionalmente falando, na hora do jogo todos querem ganhar, e é isso que
importa. Até hoje acompanho tudo que se passa no futebol de minha segunda
nação, as eliminatórias, os atletas.”.
Toda essa desconfiança em
relação ao envolvimento do atleta com a camisa que veste pode acabar sendo
revertida em um tratamento diferenciado por parte da imprensa, torcida e até
mesmo dos próprios companheiros de time. Quando o brasileiro Marcos Aurélio
completou cinco anos morando no país e decidiu ser o primeiro jogador a se
naturalizar para defender a seleção da Turquia, enfrentou grande resistência de
pessoas que não acreditavam que aquilo poderia dar certo. No fim das contas, o
brasileiro mudou de nome, aprendeu a falar turco e cantar o hino nacional e
teve seu esforço reconhecido pelo povo turco. Com isso podemos perceber que um
jogador naturalizado acaba sim tendo que percorrer um caminho mais difícil que
os demais companheiros de seleção, já que não tem que provar o que sabe fazer
dentro de campo, mas fora dele e no seu comportamento também. Além disso, a
presença de um naturalizado pode ser vista como um “roubo” de vaga de algum
atleta da casa, sem falar em países no qual o preconceito e a xenofobia
infelizmente são enraizados até mesmo entre os próprios jogadores. Porém, Fábio
conta que se dava bem com seus colegas de seleção, “havia uma relação muito boa
com os outros jogadores, praticamente de irmão. Receberam os brasileiros muito
bem, e com muito respeito.”, e Wellington conta que sentiu um tratamento
diferenciado, mas de outra maneira, “Eu era novo por lá e todos ficavam muito
procupados com meu bem estar, me tratando de forma ‘diferente’. Com o passar do
tempo perceberam meu jeito tranquilo e hoje me tratam igual a todos os atletas.
Quanto à torcida, eu ainda sinto que a cobrança é um pouco maior sobre mim, mas
vejo como algo positivo, já que me motiva”.
Claro que não poderia faltar
a pergunta que mesmo sendo muito simples, sintetiza, resume e diz muito acerca
da questão das naturalizações:
“Num jogo entre o país que
você defende e o Brasil, você torceria para quem?”
Fabinho esquiva: “No lado
profissional, sempre Togo. Mas amo minha nação”.
Já Wellington é mais direto:
“Nasci no Brasil, mas defendo com orgulho as cores do Timor. Estando dentro ou
fora de campo, Timor Leste sem dúvida!”.